Se me perseguiram a mim, perseguirão também a vós
O
evangelho de hoje é tirado de João 15,18-21. Nele, Jesus fala aos
discípulos sobre o ódio que o mundo pode ter para com eles. Se odeia os
discípulos, por primeiro o mundo odiou a Ele. Se persegue os discípulos,
Ele foi o primeiro a ser perseguido.
Jesus,
no entanto, não temeu nem o ódio nem a perseguição. Pelo contrário,
manteve-se fiel à vontade de Deus, seu Pai, para que o mundo pudesse
perceber que poderia viver de uma lógica diferente, lógica esta baseada
na obediência à missão recebida. A fidelidade vivida na palavra de Jesus
é que fará com que o mundo mude a sua ideia a respeito dos cristãos.
Isto
nos faz refletir sobre a nossa fé. Uma fé que precisa ser protegida e
defendida com as armas é fraca. A história está consciente do paradoxo
que faz com que a fé cristã se torne mais forte quando é perseguida. O
sangue dos mártires, escreveu Tertuliano, é semente de novos cristãos.
Atualmente,
o termo “mártir” está sendo usado de maneira imprópria para tudo. É
usado para definir qualquer uma morte por uma causa, como o fazem os
homens-bombas palestinos ou aqueles que morrem querendo promover uma
revolução social em seu país. Também é usado pelos fanáticos que definem
a sua ação como “guerra santa”.
Mas
o verdadeiro martírio não provoca sofrimentos maiores para os outros
nem para o próprio mártir, porque o verdadeiro mártir é aquele que dá
testemunho de Cristo. Este sofre simplesmente porque é cristão!
Na
história, o século XX, por exemplo, pode ser definido como o século do
martírio. Nele, os cristãos armênios foram trucidados pela Turquia, os
católicos foram esmagados no México, cremados na Alemanha nazista,
deportados para os gulags na ex-União Soviética, na Europa do Leste, na China, no Vietnã e no Sudão.
No
mundo do século XXI, levanta-se um clamor por justiça no Iraque, no
Egito e em outros países nos quais os cristãos são minoria e são mortos
dentro das próprias igrejas durante as celebrações. No mundo
descristianizado do Ocidente, que vive a falsa experiência da defesa das
minorias, ninguém assume a defesa dos cristãos, como se todas as
atrocidades cometidas no mundo desde o início do cristianismo fossem
realizadas pela Igreja.
O
elenco poderia continuar e, para falar das coisas que acontecem no
nosso país, podemos dizer que há muitos católicos que enfrentam um
martírio branco, isto é, sem derramamento de sangue, tentando viver a fé
em um mundo em que cristãos de outras denominações os atacam somente
porque querem manter a própria identidade na santidade, e muitos
cristãos, até mesmo católicos, atacam a própria Igreja por causa do seu
ensinamento no campo da moral, que tem por fundamento a revelação de
Cristo.
Não
fiquemos surpresos com isso, mas devemos nos alegrar e ficar felizes:
Deus permite isso para que o mundo veja que nós somos amados por Ele e é
assim que Ele nos salva. Nisso não somos diferentes de Jesus, mas
podemos ter a certeza de que receberemos a nossa recompensa de acordo
com a fidelidade a Deus que tivermos vivido no mundo.