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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


O Sábado era igual às festas do Antigo Israel?


Em resposta a minha argumentação sobre o sábado numa lista de discussão, fizeram a seguinte contra-argumentação: "Bom, Levítico 23 classifica o sábado semanal como uma das festas, de maneira inquestionável. Além disso, Isaías 66 cita as luas novas; se as luas novas passaram, e as outras festas também, é estranho que o sábado semanal não o tenha também."

A pessoa obviamente não chegou a ler o final do capítulo:


Levítico 23:37 São estas as festas fixas do SENHOR, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao SENHOR oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio,
38 além dos sábados do SENHOR, e das vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao SENHOR.

Levítico 23:38 afirma categoricamente que os sábados anuais, ou festas fixas, foram dados em acréscimo ao sábado do sétimo dia: “além dos sábados do Senhor”.

"Estranho" não é o sábado não ter passado, é não ver o ensino bíblico de "maneira inquestionável".

A pessoa em questão insistiu: "Peraí, o texto de Isaías 66 fala também das luas novas... que é uma das festas que você citou que passaram num dos argumentos posteriores neste mesmo texto. Ou larga os dois, ou nenhum..."

Segundo o Dicionário da Bíblia de Almeida, editado pela Sociedade Bíblica do Brasil, a Lua Nova era a "festa dos israelitas, comemorada todos os meses no primeiro dia da lua nova (Nm 28.11-15)". Este dia marcava o início de cada mês e tinha relação direta com o antigo calendário hebreu que, à semelhança da maioria das nações, estava baseado nas repetidas rotações da Lua ao redor da Terra e demarcado pelas sucessivas luas novas.

Assim, a Festa da Lua Nova era meramente uma festa comemorada no primeiro dia de cada mês. Vista como um dia de adoração e encontros sociais (1 Sam. 20:5), tocavam-se trompetas para anunciar o dia (Sal. 81:3; cf. Núm. 10:10), eram suspensos os trabalhos comuns (Amós 8:5) e eram prescritos sacrificios adicionais (Núm. 28:11-14).

Vamos às referências da Lua Nova em Col. 2:16 e Isa. 66:23.

Primeiro, a menção desta festa em Col. 2:16 a remete às festividades judaicas pelas quais nenhum cristão deve ser julgado. Retomando argumento apresentado anteriormente, a festa da Lua Nova (bem como os sábados anuais) não tem santidade alguma e não precisa ser guardada na era cristã. Mas se um irmão que veio do judaísmo quisesse separá-la para o estudo da Bíblia ou para uma vigília de oração, temos o conselho de Paulo aos ex-judeus do primeiro século: não há nenhum problema. Mas ele não deve tentar impor este hábito sobre os outros crentes, julgando o caráter ou a salvação dos que não pensam como ele (Col.2:16-17).

Segundo, a menção da festa da Lua Nova em Isa. 66:23 deve ser entendida não como o restabelecimento da antiga festa judaica, mas como um encontro mensal dos salvos na Nova Terra. A versão católica Matos Soares traduz: "E será que DE MÊS EM MÊS e de um sábado a outro virá toda a carne a adorar perante MIM"; a Bíblia Viva traz: "Toda a humanidade virá Me adorar, a cada semana e a CADA MÊS". Grifos acrescentados.

Como vimos, a "lua nova" entre os judeus tanto significava a festa mensal, como também uma simples referência para indicar o início de cada mês entre eles. Esta referência em Isa. 66:23 de adoração mensal na Nova Terra deve ser confrontada com a Árvore da Vida presente na Nova Terra de que fala o Apocalipse. A Árvore da Vida produz seu fruto "de mês em mês", doze vezes por ano (Apoc. 22:2); de todas as partes, os salvos virão para a Nova Jerusalém e se alimentarão dela (Apoc. 2:7; 22:14). Não é à toa que Isaías é chamado de "o profeta evangélico".

Portanto, a lua nova de Isa. 66:23 profetiza a reunião mensal dos remidos na Nova Jerusalém para alimentar-se da árvore da vida. E aceitar isto não diminui em nada a força do argumento em favor do sábado. Afinal, conforme o raciocínio dos combatentes do sábado, por que Deus 1) estabeleceria um dia de descanso no paraíso perdido, 2) aboliria este dia de descanso na era cristã e 3) restabeleceria este mesmo dia no paraíso restaurado?

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